
faz hoje um ano. faz um ano que estamos vivas e com, talvez, uma nova forma de ver as pequenas coisas da vida. talvez hoje já não saiba bem conjugar a frase "tenho tanto medo" como a conjuguei no intervalo daquelas ondas. talvez hoje já não saiba agradecer como vos agradeci a minha vida naquele dia. provavelmente já não sei sentir o que escrevi há um ano atrás quando dizia "... acho que tenho que pedir desculpa por continuar a ser a única que o corpo ainda cheira a mar, que a garganta ainda continua em carne viva, por continuar a ser a única que o olfacto só distinga o cheiro a maresia, que ainda consiga sentir a água salgada na boca e que o cérebro ainda flutue algures perdido nos pensamentos e recordações daquele dia." talvez nem sempre consiga sentir isso - talvez tenha sido uma defesa do cérebro - mas lembro-me. lembro-me de tudo como se fosse hoje e por vezes ainda tenho a sensação de estar a engolir água. isso é uma coisa que tenho a impressão nunca me abandonará. mais importante do que tudo, ainda me lembro que foi ali que vi as acções que até hoje mais me marcaram. foi a amizade verdadeira, sem tretas, sem obstáculos, sem máscaras. foi a amizade no meio da sobrevivência, o puro amor. ali estavam as pessoas que ainda hoje admiro, pela força, pela beleza, por tudo o que há dentro delas. amo-vos