nem sempre adquirimos uma melhor visão do mundo. é como aquela humidade de janeiro que se instala na janelas das nossas casas, impedindo-nos de ver como a manhã nasceu lá fora. a chuva pode cair, a atmosfera estar cinza, as árvores a balouçar meticulosamente de um lado para o outro, desconhecidos em passo dançante a cruzarem-se frente a nossa casa, que nunca iremos saber que isso de facto aconteceu no mundo. aliás, ninguém parece importar-se com isso ultimamente. é como se todos os poetas tivessem vindo a morrer no decorrer destes anos sem terem deixado qualquer ensinamento aos boçais. é triste, mas às vezes até eu sinto que preciso de limpar a humidade dos meus vidros com a mão, abrir a janela e olhar um pouco para cada movimento que usualmente perdemos por estarmos fechados numa concha que não deveria ser nossa.