
espaços vazios têm uma forma peculiar de fazê-la sentir-se insuficiente: a sua alegria não é suficiente para apagar as sombras nos cantos da sala, a sua imaginação não é suficiente para pintar as paredes. enquanto ela estende os seus pensamentos para alcançar os cantos tentando fazer com que fiquem menos ameaçadores, menos intensos, ela desaparece como uma gota de sangue numa banheira. pensamentos que geralmente desaparecem rapidamente assim como desaparece a dor quando se tira um penso-rápido que há muito está na nossa pele. ela sente-se pequena, mais pequena que o habitual. como se os seus ombros se encolhessem sobre si próprios para escapar do frio, como se os seus pensamentos que constituem metade dela, se escondessem debaixo do tapete para tentarem desaparecer.
eu estou num espaço vazio tentando também que os meus pensamentos queiram desaparecer. e está frio aqui. muito frio.