pintas as unhas com verniz azul, procuras as purpurinas e colas às pálpebras (quase uma a uma) com creme nivea. amanhã será outro dia, mas o que interessa é o agora. não penses no desmaquilhante que vais ter que utilizar, nem na acetona cor-de-rosa que gastarás. se não te desprendesses da escuridão da noite, dos gatos pretos com que te cruzas todos os dias ou das palavras agrestes que ouves nas ruas paralelas à tua, que seria de ti agora? se não com olhasses com afinco e esperança para a janela do teu amor de infância, se não descesses as escadas todas as manhãs à pressa, se não tivesses escutado com atenção as regras de todos os jogos que tentaste jogar. repito, que seria de ti agora?