
eu não corro atrás. quem quiser está, quem não quiser vai. eu não ando atrás. deixei-me disso quando percebi que não vale de nada. e mais importante: eu não rastejo atrás. não, nunca. foi, aliás, por nunca estar atrás de nada nem ninguém que caí das escadas abaixo. a mania de querer ir sempre à frente, de ser tão independente que o provável é nem de luz precisar quando não se vê nada a mais de um palmo à frente. sobrevivi apenas com três nódoas negras nas pernas e uma dor aguda nas costas. cheguei ao chão a rir, exactamente como da primeira vez que isto aconteceu. se eu corresse, andasse ou rastejasse atrás talvez a queda tivesse sido amparada não é? mas todos sabemos que não possuo direito algum de arrastar alguém para a minha bola de neve. é por isso que me objecto a todas essas coisas, e continuo a andar à frente de todos, na total escuridão à espera de não por nenhum pé mal e cair estatelada pelas escadas abaixo. se isso acontecer, espero só sair ilesa, no máximo com umas nódoas negras e uma dor no coração, neste caso.