
tiras o teu ventil e fumas calmamente. não tens pressa, nunca tens pressa, porque sabes que eu não vou logo embora. fico ali a olhar para os teus movimentos de câmara lenta e a apreciar o ar de final de tarde. todas aquelas noites que dormi contigo, com a cabeça na cova do teu ombro, toda a conversa que ainda tinha guardada no meu telemóvel, todos os pensamentos e jogos complexos que por nessa cabeça se articulavam, todas as tardes em que te disse que te odiava.. nada disso me faz perceber o porquê de nunca me ter afeiçoado a ti. não que isso seja uma coisa má, antes pelo contrário. mas intriga-me: não me apaixono, nem por uma das pessoas mais interessantes e complexas que até hoje conheci. intrigas-me demasiado.