and then one student said that happiness is what happens when you go to bed on the hottest night of the summer, a night so hot you can't even wear a tee-shirt and you sleep on top of the sheets instead of under them, although try to sleep is probably more accurate. and then at some point late, late, late at night, say just a bit before dawn, the heat finally breaks and the night turns into cool and when you briefly wake up, you notice that you're almost chilly, and in your groggy, half-consciousness, you reach over and pull the sheet around you and just that flimsy sheet makes it warm enough and you drift back off into a deep sleep. and it's that reaching, that gesture, that reflex we have to pull what's warm - whether it's something or someone - toward us, that feeling we get when we do that, that feeling of being sad in the world and ready for sleep, that's happiness.
paul schmidetberger
não sou de arrependimentos mas juro que se me convidasses para ir dar uma volta agora tinha aceite sem sequer olhar para trás ou responder a mais mensagens.
o gato de cheshire sempre teve o meu total fascínio incompreensível para a maioria das pessoas. o que à maioria metia medo por tão sinistro que era, a mim fazia-me ficar colada ao ecrã da televisão da sala a ver o seu sorriso. lembro-me que adorava ver desaparecer a sua figura rosa às riscas, ainda na versão da disney, e repetia vezes sem conta as cenas em que aparecia. para mim era um génio no limiar da loucura, tal e qual como todos deviam ser. a única personagem animada que me consegue prender ao ecrã a tempo inteiro ainda hoje, só para ir tentando entender mais um bocadinho. we're all mad here, continua a ecoar.
e desliguei as estrelas, uma a uma, depois desliguei a lua e depois vagueei desligando cada luz da cidade. rapidamente começou a ficar escuro, verdadeiramente escuro. exactamente como eu gostava.
charles bukowski
verão ao sol e inverno à sombra. uma nova voz do outro lado do telefone que me chama otária de forma diferente, quase como tu chamavas. amigos a partilharem o meu sofá e a chamarem-me para ir jogar às cartas. convites para jantar fora, com caracóis, imperiais e pôr-do-sol incluídos. é assim que se têm passado os últimos dias e o verão continua a escapar-me entre os dedos.
há coisas que vão mudando lentamente e depois há coisas que mudam de um dia para o outro. nunca soube de quais mudanças gostava mais, não sabia sequer se tinha uma preferida, se gostava de ambas de igual forma ou se nem sequer gostava de alguma, para ser sincera. no entanto, por menos que conhecesse essa resposta, as mudanças foram acontecendo no meu dia-a-dia. fomos mudando lentamente até deixarmos de existir da noite para o dia. mais tarde eu digo-te se afinal sempre gosto de mudanças, prometo.
gostava de puder voltar a acender o incenso e a acordar todos os dias ao teu lado, com o sol a bater-me na cara, devagarinho, e com o teu braço debaixo do meu pescoço. o tempo escapa-nos das mãos. não devia ser assim, pois não?
deixei de ficar dias inteiros a ler páginas atrás de páginas, só fazendo uma pausa dum minuto quando a fome era tanta que já não distinguia as letras impressas. deixei de escrever, gastando caneta atrás de caneta e encontrar o meu último moleskine está a tornar-se numa missão cada vez mais complicada. já não bebo café de viena para me aquecer, nem como pastéis de feijão há mais tempo do que era possível lembrar-me. bon iver, cocorosie, the xx, tom waits, the cinematic orchestra, chico buarque e fever ray são artistas que já não passam no meu leitor de música há muito, muito, muito tempo. eu mudei, mudei lentamente. foram dois anos e meio de coisas que me aconteceram, de pessoas que entraram e de tantas outras que saíram. agarrei algumas, poucas, muito poucas, e o resto foi desaparecendo à medida que os minutos contavam. mudei, deixei muita coisa. demasiada coisa, segundo o que dizem.
disse que te odiava por não teres voltado mais cedo e é verdade. eu odeio-te. odeio-te. odeio-te. odeio-te.
gosto! foi o que disseste. foi gostar o verbo que empregaste. e eu não tive a coragem de fugir de ti naquele momento e explicar-te que como tu gostavas de mim, eu gostava de ananás, de sair à noite, de comprar azulejos nos antiquários.