/let's hope so, 'cos everyone I've met so far is a bunch of cunts
passado tanto tempo continuamos a saltar muros e a entrar em casas que não são nossas para nos escondermos do mundo que passa lá fora. continuamos com uma relação que em nada é relação e nesse tempo que vamos para jardins alheios desconhecidos vivemos como se nunca tivéssemos conhecido outra pessoa, outro corpo que não um do outro. sabes que não gosto de ti, e tu não gostas de mim. somos a simplicidade a olhos vistos, já reparaste? mesmo passado tanto tempo, já reparaste?
inala o fumo e diz que se sente farta da vida e das partidas que esta lhe pregara ao longo do tempo. não compreende como ainda não conseguira por o passado onde pertence e como a raiva vai crescendo pela pessoa que mais amou na sua vida inteira. este manda-lhe agora mensagens às escondidas do novo amor e estas já enchem a caixa de entrada. ela vai apagando, vai despegando-se mas ele insiste em voltar. há coisas injustas e ela deixou de acreditar em karma. maus rapazes nunca levam com consequências e acabam sempre por passar por cima de qualquer situação. digam-lhe para voltar a acreditar que as pessoas pagam por cada erro que fazem, digam-lhe porque ela já deixou de me querer ouvir há muito tempo.
uma nova companhia que me ocupa metade da cama e dorme em concha comigo. dá-me beijinhos quando sabe que não se portou bem tal e qual como quem pede desculpa. eu vou-lhe ensinando sobre assuntos amorosos, à espera que ela me entenda. é uma gata.. mas continuo a dizer-lhe querida, não te metas nunca com gatos está bem? eles só dão trabalho. esperemos que ela me ouça, gatos dão trabalho em qualquer que seja a língua ou raça, sem excepção.
sinto falta dos dias marinados de paixão. do sol a bater-me na cara e do vem ter comigo. falta de uma certeza irrevogável de que o dia não poderia de forma alguma correr mal, de que o final de tarde iria ser passado na praia com as pessoas que mais me queriam bem. sinto falta de noites em que as únicas lágrimas deitadas eram de felicidade e em que apanhava o primeiro autocarro da madrugada para voltar para casa e finalmente ir dormir. as saudades apertam ainda mais quando me lembro que não tive que passar uma única noite sozinha no mesmo espaço que agora me parece tão frio, tão vazio. se pudesse recuaria três meses atrás neste preciso momento e viveria tudo de novo, só porque sim.
effy

ficou à espera duma mensagem que nunca chegou e duma despedida que nunca aconteceu. não houve conversa alguma que pusesse um termo e ela idealiza todas as noites que esse fim não tem de chegar ainda, que ainda pode continuar a sonhar com ele sem se sentir idiota. no entanto, a cada manhã que chega, ela vai-se apercebendo da mensagem que continua sem chegar e da despedida que parece cada vez mais irreal. ela apercebe-se e aos poucos deixa de esperar.
abandonei as teclas e passei às folhas atrás de folhas preenchidas de cima abaixo com tinta. encontrei os moleskines perdidos e as canetas foram-se gastando. novas bandas sonoras foram-se juntando ao ambiente e peguei novamente na máquina para registar os momentos com amigos. a parte de mim que há tanto tempo tinha desaparecido voltou. voltou diferente, muito diferente, mas com os mesmos gostos, com os mesmos interesses, só mais adulta. estou aqui outra vez... a contar elefantes enquanto adormeço novamente tranquila.