Never kissed you in public and I never held your hand
I never said I loved you so I never was your man 
How can we break up, when we never broke down 
And committed to each other, we was fuckin' around

a letra que até hoje ouvi que mais se adequou a nós. este bocadinho pelo menos... e a música chama-se bad man. está errada... totalmente errada. não foste.
o sol já tinha nascido, mas se se tivesse que adivinhar haveriam dúvidas: era uma daquelas típicas manhãs de inverno, em que há uma certa claridade depois da penumbra da noite mas não se viu nascer de sol algum. ela chegara a casa, abrira a porta com cuidado, pegara na gata para esta não ir explorar o terraço e pedira silêncio a quem vinha atrás de si. sentara-se pesadamente no sofá, com o cansaço todo acumulado das horas que passara em pé a dançar, e tivera, ainda levemente tocada pelo álcool, uma das conversas mais interessantes num espaço de meses exatamente ali, naquele sofá, embrulhados os dois numa manta. há coisas que ela não compreende: como pode uma pessoa tão recente na nossa vida conhecer-nos melhor do que qualquer outra? ele também não compreendia.
livro inacabado da minha escritora preferida na mesa de cabeceira há meses e um telemóvel que não pára de tocar algures. é assim que se encontra a minha vida neste momento: cheia de atividade e atividade nenhuma, com uma preguiça quase iminente em cada decisão que tomo. as matérias cansam-me os olhos e a cabeça e não consigo ficar mais de cinco minutos concentrada na mesma coisa, fechando de forma inacabada cada livro que estudo para o teste do dia seguinte. levem-me daqui, só preciso dum minuto de descanso, mas por favor... levem-me daqui.
voltou quem me desalinhara as estrelas no outubro passado e me fez ouvir patrick watson em modo replay cuja voz me massacrava pelo erro que tinha cometido. voltou à paz dos meus dias e conheceu uma nova versão de mim, mais calma, mais sensata, mais alegre. cada vez mais acredito que há coisas que nunca desaparecem da nossa vida, que cada erro nos ensina algo de importante e que se tiver que acontecer, acontece, e cada vez mais é bom ter essa sensação. se calhar acabam por acontecer coisas boas aos maus da fita, quem sabe?
tenho sempre saudades das coisas que não tenho. devias estar aqui a soltar beats e a chamar-me fraca. não por seres tu.. mas porque mais ninguém o faz. mais ninguém me interrompe com uma letra qualquer dum rapper underground, mais ninguém me chama fraca ao ponto de eu me querer vingar e fazer com que se retire o que se disse. não há ninguém, e não eras tu que devias cá estar porque também nunca tiveste e eu nunca quis estar. 
como, às vezes, para bom entendedor meia-palavra não basta: não era alguém que eu queria, era algo. e isso.. meu deus, isso é demasiado difícil de se encontrar.
tinhas os olhos cor de petróleo e tudo em ti era inverno. eu continuo a ser primavera, a tocar calmamente nas pessoas como se fossem bonecas de porcelana, a falar em sussurro não fosse alguém que não entende ouvir-me, a querer pegar nas coisas mais importantes e metê-las numa mala para poder fugir de invernos e olhos cor de petróleo. eu não sou feita disso. já fui, há muito tempo atrás, mas não sou mais. quero fugir de ti e nunca tive muita paciência para jogos de gato e rato portanto deixa-me ir. por favor. 
há dois tipos de pessoa que vais conhecer ao longo da tua vida. um deles vai deslizar o dedo pelo índice de quem tu és e saltar directamente para as partes que lhe despertam interesse. o outro vai levar o seu tempo a ler cada um dos teus capítulos e se calhar até dobrar os cantos das partes que mais o/a inspiraram. vais conhecer estes dois tipos de pessoa; é um facto garantido. é o terceiro tipo de pessoa cuja entrada na tua vida nunca te apercebes. aquela única pessoa que não só termina as tuas frases mas continua o livro.
um dia levo-te o pequeno-almoço à cama, dizia-lhe ele. já na altura ela não acreditava em tais palavras proferidas de maneira demasiado espontânea e agora ainda menos acredita. não gosto de migalhas na cama meu amigo, respondia-lhe ela.