olho-te nos olhos e sei que acabou. vejo o teu maxilar a tremer enquanto to digo. contigo levaste grandes partes de mim, como se nada fossem, mas que faziam de mim a pessoa que eu era. estou num estado de coma que pensava já não existir. acordo mas continuo na cama, agarrada aos meus joelhos para me sentir mais completa. o telemóvel reclama uma, duas, três mensagens e não lhe consigo prestar atenção. distraio-me sempre com projectos que rondam a minha mente para não ter de pensar em ti. amo-te, claro que te amo, não perguntes novamente, mas não volto para ti. perdi-me em mil cantos do mundo e agora estou a reencontrar as partes perdidas. entupo-me com bon iver e vejo o verão a chegar lentamente sob a forma daquela luz dourada que invade o meu quarto ao final da tarde. sonho com noites que nunca mais chegam e quero adiar o mais possível o meu aniversário. no final do dia, olho-me nos olhos e sei que acabou.
my brother used to tell me to hold my breath until i could hear the ocean in my head. and i did, it was a soft roar of sky fighting sea. eventually when my eyes rolled back like waves, he would make me breathe so i didn't drown.
lembro-me de um casal. a mulher, linda mesmo, e ele apaixonava-se todos os dias quando acordava e olhava para o lado. um dia passou a dormir no sofá e todas as manhãs quando a via tentava conhecê-la. ela respondia sempre que não, que estava à espera do marido. a memória roubou-lhes o amor.
"Burke was.. he took something from me. he took little pieces of me, little pieces over time, so small I didn't even notice, you know? he wanted me to be something I wasn't, and I made myself into what he wanted. one day I was me, Cristina Yang, and then suddenly I was lying for him, and jeopardizing my career, and agreeing to be married and wearing a ring, and being a bride. until I was standing there in a wedding dress with no eyebrows, and I wasn't Cristina Yang anymore. and even then, I would've married him. I would have. I lost myself for a long time"

Cristina Yang, grey's anatomy, season 6
parece que todos os domingos não conseguem ser de outra forma. deitada na cama a pensar nas imbecilidades que fez no fim-de-semana. uma catadupa de tarefas por resolver, o quarto que não se arruma sozinho e o silêncio ensurdecedor com que a casa fica à tarde. não há nada que possa piorar, e ela sabe disso. estranhamente vê-se numa situação que sempre desejou mas não está a gostar de vivê-la. não tem medo do escuro, nem medo de dormir de janelas abertas, mas tem medo de exteriorizar o que está a sentir naquele momento. ela só queria ser pequenina de novo, quando não sabia o que era o amor.