
é estranho como no final, o verão parece sempre escapar-nos entre os dedos. este mais do que qualquer um evaporou-se sem ninguém dar conta. perdeu-se em dias enfiados na cama devido à preguiça, em tardes em casa de amigos a fazer tudo e coisa nenhuma, em noites de que a memória é pouca ou nula. perdeu-se em livros que se deviam ter acabado de ler e não se leram, em pores-do-sol que deviam ter sido assistidos e ficaram sem espectadores, em conversas que foram adiadas. tudo é novo agora e não sei o quanto isso será extremamente assustador. continuo a pensar que ando bem em cordas de equilibrista e, se cair, levanto-me mas prendo-me sempre a pensar no dia em que não será assim. estou com medo porque agora tudo é estranho. o verão escapou-se-me entre os dedos.