esquece tudo o que viste ou que pensas sobre o mundo. e diz-me, aqui e agora, o que contém esta sensação súbita que se prega à nossa alma de querer alguém ao nosso lado, para todo o sempre.
durante a noite não tenho sonhado, durante o dia farto-me de o fazer. sinto-me inspirada por pequenas coisas, emociono-me facilmente e não consigo deixar de ouvir kings of convenience e bon iver. o que se anda a passar dentro do meu circuito cerebral? muita coisa. no entanto, por vezes compreendo que isto não é somente uma maré que vem como uma vaga solitária, sou eu em vez, isto é, sou eu assim todos os dias que queimamos num ano, a mesma eterna e irremediável. encontro-me sempre no rés-do-chão. lá os sonhos são mais abafados e cheios de poesia negra.
"galopamos ao longo da vida como artistas de circo equilibrados em dois cavalos lado a lado - um pé sobre o cavalo chamado destino, o outro sobre o cavalo chamado livre arbítrio. e aquilo que temos de equacionar todos os dias é qual dos cavalos está em causa, com qual deles posso deixar de me preocupar porque não está sob o meu controlo e qual precisa que eu o guie com esforço e concentração."
eu só queria ter um pouco mais de fé em mim. poder acreditar no amor a todo o instante e nunca parar de procurá-lo em cada esquina de uma rua. é que dou por mim, de vez em quando, a sentir um vazio desolador em tudo o que faço, sem que nada me consiga animar - nem um chocolate quente, nem mesmo uma mensagem dele. às vezes as coisas ficam sem graça, essa é a grande verdade.
parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. já ninguém quer viver um amor impossível. já ninguém aceita amar sem uma razão. quem quererá, afinal, um amor que nos roube a metade mais selvagem e inocente de nós? quem quererá, sem ser eu, um amor puro, estúpido, cego e doente?