the xx ouve-se baixinho (como se deve sempre ouvir) ao fundo e eu sou outra vez eu mesma. acho incrível como somos as primeiras a enganar-nos, desde o primeiro desgosto amoroso que é assim. tempos mais tarde damos por nós a escrever (numa angústia que só as raparigas que se alimentam de chocolate para a ultrapassar compreendem) coisas que nunca sentimos. dizemos o quanto já não queremos saber de x ou y, como já o esquecemos e passando aos extremos de “fomos um erro, de qualquer das formas. nunca te amei só para que saibas”. seria incapaz de fazer isso ao nosso amor até porque acho que tais coisas só servem para iludir alguém que quer profundamente ser iludida. se estamos a escrever sobre x, é porque nos importamos com x. ponto final. digam e neguem o quanto quiserem, o facto não muda. a luz dourada própria dos finais de tarde do verão entra pela janela e faz-me lembrar o quanto fui feliz. sem máscaras que não me servem, sem segredos não revelados, sem farsas que ninguém merece, eu escrevo para ti e por ti, para celebrar o amor que tivemos porque não me embaraço dele para poder escrever que nunca te amei. como um acto de coragem, faço o que melhor sei embora saiba perfeitamente que não o deva, que é preferível guardar isto para mim. paro de escrever enquanto a música atinge os últimos segundos. my heart skipped a beat too.
olho-te nos olhos e sei que acabou. vejo o teu maxilar a tremer enquanto to digo. contigo levaste grandes partes de mim, como se nada fossem, mas que faziam de mim a pessoa que eu era. estou num estado de coma que pensava já não existir. acordo mas continuo na cama, agarrada aos meus joelhos para me sentir mais completa. o telemóvel reclama uma, duas, três mensagens e não lhe consigo prestar atenção. distraio-me sempre com projectos que rondam a minha mente para não ter de pensar em ti. amo-te, claro que te amo, não perguntes novamente, mas não volto para ti. perdi-me em mil cantos do mundo e agora estou a reencontrar as partes perdidas. entupo-me com bon iver e vejo o verão a chegar lentamente sob a forma daquela luz dourada que invade o meu quarto ao final da tarde. sonho com noites que nunca mais chegam e quero adiar o mais possível o meu aniversário. no final do dia, olho-me nos olhos e sei que acabou.
my brother used to tell me to hold my breath until i could hear the ocean in my head. and i did, it was a soft roar of sky fighting sea. eventually when my eyes rolled back like waves, he would make me breathe so i didn't drown.
lembro-me de um casal. a mulher, linda mesmo, e ele apaixonava-se todos os dias quando acordava e olhava para o lado. um dia passou a dormir no sofá e todas as manhãs quando a via tentava conhecê-la. ela respondia sempre que não, que estava à espera do marido. a memória roubou-lhes o amor.
"Burke was.. he took something from me. he took little pieces of me, little pieces over time, so small I didn't even notice, you know? he wanted me to be something I wasn't, and I made myself into what he wanted. one day I was me, Cristina Yang, and then suddenly I was lying for him, and jeopardizing my career, and agreeing to be married and wearing a ring, and being a bride. until I was standing there in a wedding dress with no eyebrows, and I wasn't Cristina Yang anymore. and even then, I would've married him. I would have. I lost myself for a long time"

Cristina Yang, grey's anatomy, season 6