sento-me mais uma vez à secretária e recomeço a escrever uma história de amor. é sempre uma história de amor, já reparas-te? olho à minha volta. tenho o quarto desarrumado mas o cansaço é tal que não tenho forças para hoje arrumar seja o que for. lembras-te quando me dizias que eu tinha sempre o quarto desarrumado e me explicavas como isso te encantava? eu lembro-me que dizias que um quarto desarrumado era uma das coisas mais mágicas que eu tinha e de como ficavas a olhar para mim por um minuto com uma ruga de perplexidade formada na tua testa quando me pedias para te emprestar algo (e nisto pensavas uns momentos antes de me pedires para tentares que fosse uma coisa difícil de encontrar) e eu ta estendia três segundos depois do pedido feito. lembro-me que achavas isso maravilhoso e adoravas esse jogo para mostrares aos meus avós, quando eles refilavam, como eu na verdade sentia aquele quarto arrumado, à minha maneira. eu maravilhava-me contigo e tu comigo, sempre foi assim.